Foto: Samuel Barcelos
Vencedor do Prêmio Jabuti 2021, o romance literário “O avesso da pele”, de Jeferson Tenório (Companhia das Letras), é um dos nove títulos traduzidos para o braille doados para bibliotecas e salas de leitura mantidas pela Secretaria Municipal de Cultura do Rio. São mais de 60 livros chegando a 14 equipamentos. A doação foi feita pela Fundação Dorina Nowill que, anualmente, produz milhares de páginas em braille de livros didático-pedagógicos, paradidáticos, literários e obras específicas solicitadas pelas pessoas cegas e com baixa visão. Há mais de 75 anos, a Dorina trabalha para incluir pessoas cegas.
Cada biblioteca ou espaço de leitura escolheu o perfil do livro de acordo com o perfil do público. A José Bonifácio, na Gamboa, por exemplo, optou por literatura infantil. Um dos títulos que chegaram lá é “O patinho feio”, de Hans Christian Andersen.
Algumas das obras se desdobram em mais de um volume, pelo tamanho maior que fica o livro traduzido em braille. Caso de “O avesso da pele”, que chegou em quatro partes. Um romance sobre identidade e as complexas relações raciais, sobre violência e negritude, o livro de Tenório é uma obra contundente no panorama da nova ficção literária brasileira.
“Ideias para adiar o fim do mundo”, de Ailton Krenak, “Negrinho do Pastoreio”, de Maurício Veneza, e “Ideias para adiar o fim do mundo”, de Ailton Krenak, são outros destaques da remessa.
Ao produzir e distribuir livros em braille, a Fundação Dorina Nowill cria condições de acesso à independência pessoal, formação educacional, cultural, profissional e atividades de lazer.
O braille é um sistema de leitura e escrita destinado a pessoas cegas por meio do tato. Sua escrita é baseada na combinação de seis pontos, dispostos em duas colunas de três pontos, que permite a formação de 63 caracteres diferentes, que representam as letras, números, simbologia aritmética, fonética, musicográfica e informática.
O sistema braille se adapta à leitura tátil, pois os pontos em relevos devem obedecer medidas padrão, e a dimensão da cela braille deve corresponder à unidade de percepção da ponta dos dedos.
Natural de Coupvray, pequena aldeia a leste de Paris, Louis Braille nasceu em 4 de janeiro de 1809 e ficou cego aos três, após um acidente na oficina do pai. Para desenvolver um sistema de leitura e escrita para pessoas cegas, ele usou como base o sistema de Barbier, utilizado para a comunicação noturna entre os soldados do exército francês.
Abaixo a relação das bibliotecas e salas de leitura mantidas pela Secretaria Municipal de Cultura do Rio:
Biblioteca Machado de Assis (Botafogo)
Biblioteca Manoel Ignácio (Campo Grande)
Biblioteca Euclides da Cunha (Ilha do Governador)
Biblioteca João do Rio (Irajá)
Biblioteca Marques Rebelo (Tijuca)
Biblioteca Anita Porto (Rio Comprido)
Biblioteca José Alencar (Santa Teresa)
Biblioteca Cecília Meireles (Jacarepaguá)
Biblioteca José Bonifácio (Gamboa)
Biblioteca Ecio Salles (Gávea)
Espaço de Leitura Jorge Amado (Maré)
Espaço de Leitura Maria Firmino (Cidade Nova)
Espaço de Leitura Moacyr Teixeira (Santa Cruz)
Espaço de Leitura Alfredo Machado (Copacabana) –
A relação dos livros doados:
O avesso da pele. Jeferson Tenório
A cabeça do santo – Socorro Acioli
Extraordinárias mulheres que revolucionaram o Brasil – Duda Porto de Souza e Aryane Cararo
Eu sei por que o pássaro canta na gaiola – Maya Angelou
Negrinho do Pastoreio: Coleção Regionais – Maurício Veneza
Minhocão do Pari: Coleção Regionais – Simone Pedersen
Bumba Meu Boi: Coleção Regionais – Nireuda Longobardi
O Patinho Feio – Hans Christian Andersen
Ideias para adiar o fim do mundo – Ailton Krenak
